Embora para muitos roncar seja apenas um problema de fazer barulho, atrapalhando o sono de outras pessoas, na verdade o ronco pode ser uma alerta para complicações de saúde.
A apneia obstrutiva do sono – com a sigla SAOS – é uma que merece atenção, e deve ser investigada mais profundamente.
Pouco diagnosticada aqui no Brasil, a apneia obstrutiva do sono é uma condição crônica. Quando não tratada, o paciente pode desenvolver um risco aumentado para várias doenças, incluindo a diabetes. A SAOS altera o metabolismo da glicose, promove resistência à insulina e está associada ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, conforme afirma um estudo publicado na revista científica Diabetes Spectrum.
No entanto, é importante destacar que nem toda pessoa que ronca configura obrigatoriamente um caso de SAOS, já que existem inúmeros critérios antes do diagnóstico. O ronco é apenas um dos indicadores da condição, portanto não é o único a ser levado em conta.
Quando o ronco pode ser um problema de saúde
Para entender, a apneia obstrutiva do sono é definida como uma série de paradas respiratórias provocadas pela interrupção física da passagem de ar para os pulmões. Para ser mais preciso, a condição provoca o fechamento temporário da faringe e, neste instante, o ronco é suspenso por alguns segundos. Em seguida, o barulho pode voltar, em uma série de repetições que vão de algumas poucas a centenas de vezes durante a noite. A condição afeta também a oxigenação do cérebro.
Sintomas que são sinal de alerta quando associados ao ronco: Além do ronco, o paciente com apneia obstrutiva tende a apresentar sufocamento durante o sono — basicamente, o ronco é combinado com engasgos ou pausas respiratórias silenciosas — e fadiga durante o dia. Isso porque a condição desperta o indivíduo inúmeras vezes durante a noite, mesmo que ele não se perceba disso, e pense que tenha tido um bom período de descanso.
Como consequência desses três sinais e sintomas da apneia, o indivíduo pode relatar diferentes tipos de desdobramentos no seu dia a dia, como:
- Dificuldade de concentração;
- Dores de cabeça;
- Sono agitado;
- Pressão alta;
- Dor no peito;
- Irritabilidade;
Impactos da apneia obstrutiva na vida de uma pessoa
Cuidar dessa questão de saúde é importante, já que a apneia obstrutiva e a sonolência diurna excessiva podem ter implicações sérias para o paciente. É de se destacar que o ronco e a fadiga são um fator de risco para outras condições, como doenças cardiovasculares (por exemplo, hipertensão arterial sistêmica), endócrino metabólicas (diabetes tipo 2) e neurodegenerativas (depressão).
Distúrbios neurológicos, cansaço, sonolência, irritabilidade, ansiedade, depressão, problemas sexuais e estresse são sintomas comuns de noites mal dormidas ou da falta de sono adequado, o que aumenta o risco de erros e acidentes nos mais diversos locais de trabalho. Inclusive, este pode ser um grave problema para algumas profissões, como pilotos e motoristas.
Alternativas para o tratamento do ronco
Em um primeiro momento, o paciente que ronca é recomendado a adotar mudanças comportamentais, como praticar atividades físicas regulares — o perfil mais associado com a apneia obstrutiva é o de homens com obesidade. Além disso, pode ser orientado a mudar sua posição na hora de dormir, controlar a dieta e evitar o álcool, a cafeína e o tabaco.
Quando as alterações no estilo de vida não desencadeiam os efeitos desejados, o médico responsável pelo caso pode indicar sessões de fonoaudiologia, cirurgias específicas ou ainda o uso de dispositivos médicos, como o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure). Este é um aparelho que faz pressão positiva nas vias aéreas, por meio de uma máscara, impedindo o fechamento delas durante o sono. O objetivo final é sempre o mesmo: controlar o ronco, protegendo a saúde do indivíduo.
Para um diagnóstico mais assertivo, é sempre necessário procurar um médico especialista.