Os Supermercados querem que você gaste mais

Enquanto você ao ir até um supermercado deseja gastar o mínimo possível, o supermercado usa diversas armas (legais) para que você gaste o máximo que puder.

Estaremos falando, em seguida, das armas que os supermercados usam, para te convencer que você precisa levar muito mais produtos do que você estaria disposto(a) a comprar.

Primeiro uma verdade do mercado (o financeiro): Os alimentos tem subido muito mais que a inflação, mas isso não é exatamente uma surpresa para ninguém. Em 2020 em média os alimentos aumentaram cerca de 14% – provavelmente muito mais do que os assalariados receberam de aumento em seus salários. Se ficarmos apenas num dos itens de maior aumento, o arroz por exemplo, seu aumento ficou em cerca de 76%, segundo dados do IBGE.

Mas vamos ao que interessa, porque o que temos para te contar não é sobre inflação. É sobre as armadilhas que todos os supermercados lançam mão, com um único objetivo: te fazer gastar mais do que você pensava ou queria gastar.

Entrar num supermercado para comprar umas “coisinhas” mas sair com mais sacolas do que você pensava, é o resultado das táticas de marketing – e aqui não vamos falar das propagandas em jornais, revistas ou TVs – que todos lançam mão para levar teu cérebro a levar coisas para as quais você nem precisa.

1 – Layout

A organização básica de qualquer supermercado, e mesmo mercados de bairro, é de corredores. Em geral você entra por um lado específico (o direito quase sempre) e vai ziguezagueando até sair do outro lado, perto das caixas registradoras.

Esse layout já é a primeira armadilha colocada à seus pés. A não ser que você conheça os corredores de cor (e imaginando que eles nunca mudem de conteúdo) você acabará passando, se não por todos, por quase todos, antes de chegar ao grande momento: o de deixar seu rico dinheirinho com a loja.

Te obrigando a passar por todas as gôndolas, mesmo que você tenha entrado para comprar meia dúzia de coisas, te coloca sob o fogo cerrado de outras armadilhas (isto é: tentações do momento).

2 – Explorar seus Sentidos

Já reparou que as frutas e os vegetais são quase sempre o primeiro grupo de produtos que você terá que passar? Pois é, embora a lógica de que esses produtos sensíveis deveriam ser os últimos, até para evitar que outros produtos acabem amassando e estragando estes, a armadilha aqui é lançar mão de uma questão colocada em nosso cérebro, que sente que entrar por essa parte de produtos é a sensação de entrar num lugar calmo e natural.

Além disso comprar esses itens antes dos demais, também faz com que teu cérebro sinta menos culpa, ao comprar os produtos menos saudáveis que vem depois.

3 – Música Lenta

Você jamais vai encontrar um supermercado que toque música rápida. Pelo contrário, a ideia é de que você (seu cérebro, lembra?) ao estar sob uma música lenta, acabe também andando mais devagar, passando mais tempo sob as fortes armadilhas que eles continuamente vão te jogar em cima.

Um estudo (“Retailer and Consumer Attitudes Towards Background Music”, publicado pelo Department of Business Administration, da University of Texas em El Paso) mostrou que os mercados tinham aumento de quase 40% nas suas vendas, quando passaram a tocar músicas calmas e lentas durante as compras dos clientes.

4 – Cada Produto no seu Lugar Estratégico

A posição em que os produtos são postos nas prateleiras não é nada casual, muito menos acidental ou aleatória. Muito pelo contrário, estudos desenvolvidos à muito tempo mostram que usar um bom “planograma” é questão fundamental para que você veja mais o que eles querem que você compra, e veja menos os produtos de maior importância, mas de menor preço.

A estratégia dos mercados agora é de que “você compra o que você vê“. Esse é um dos princípios dos “planogramas”: de que os produtos colocados ao alcance dos nossos olhos, tendem a ter vendas melhores. Assim os supermercados colocam os produtos que querem impulsionar as vendas, na altura de um adulto médio. Já para tentar as crianças, eles colocam as gulosiemas em nível mais baixo – na altura dos olhos das crianças – onde elas conseguem enxergar mais diretamente – e assim provocando-as para pedir para seus pais comprarem.

5 – A Última tentação

Você já reparou nas pequenas gôndolas ou prateleiras ao lado dos caixas, cheias de pequenos produtos (pequenos não no preço, bem entendido), atraentes, a maioria para consumo imediato, como doces e refrigerantes já gelados, ou umas pilhas, para você ver e pensar em se render à esse impulso de última hora – tudo enquanto espera a tua vez para passar pelo caixa.

Com o cliente tendo de aguardar vários minutos, aqueles produtos à mostra, “pedindo” pra serem levados por um tempo razoavelmente longo – o mais longo de todas as outras prateleiras e corredores do restante do mercado – aumenta sobremaneira a chance de você querer levar algo do tipo, que você nem tinha pensado antes.

Como então você deve fazer para não ser traído por tantas armadilhas?

  1. Antes de mais nada, perceba a real diferença entre um preço tipo R$ 5,00 e outro de R$ 4,99. Nosso cérebro é traído, pois damos valor à parte inteira de um número (ah meu Deus, e quando eu aprendi isso na escolinha achava que não era tão importante). Mas é. Nosso cérebro acaba assumindo que a diferença é maior do que o apenas um centavo na realidade. Assim somos levados a crer que algo que apareça na etiqueta da prateleira como custando R$ 4,99 valeria muito mais à pena.
  2. Descontos adicionais, que o supermercado coloca – tipo leve 3 e pague 2 (quando você só precisa levar 1 ou 2 unidades) é uma tentação bem grande. Algumas promoções te levam a confundir mais facilmente este ponto, fazendo promoção tipo: leve 8 latas de cerveja, que a última é grátis (a palavra grátis é muito forte).
  3. Solução importante: escreva uma lista de compras, com tudo que você precisa mesmo comprar. Mesmo que você saia de casa para comprar poucos itens, a lista de compras te ajudará a não cair em muitas das tentações.
  4. Defina um valor máximo para a compra do dia: entre no supermercado com uma calculadora, ou com um bloco e caneta, e vá somando o que colocares no carrinho. Ficará mais fácil – até mesmo psicologicamente – descartar produtos em excesso no meio dos corredores, do que na boca do caixa, quando você sentira a pressão da fila atrás de você.
  5. Tente explorar melhor os preços, e com calma. Quem vai com pressa às compras acaba pegando os itens sem se aperceber que do lado – ou abaixo do nível dos olhos – podem ter alternativas com preço mais interessante.

Então, sabendo onde estão colocadas, e como são essas armadilhas, você terá uma maior chance de otimizar seu rico dinheirinho a cada visita ao mercado.

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